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ARTIGOS DE OPINIÃO - 2005 - FEVEREIRO
O Dia dos Namorados & a Segurança Online
Por Tito de Morais
Esta semana, no dia 14 de Fevereiro, celebrou-se o Dia de S. Valentim, o Dia dos Namorados. Este facto, leva-me a falar sobre uma realidade sobre a qual pouco se tem falado em Portugal: o online dating, ou seja, o estabelecimento e a transposição de relações amorosas virtuais para o mundo real.
Uma das potencialidades espantosas das novas tecnologias de informação e comunicação é a de propiciarem os contactos entre utilizadores que partilhem interesses semelhantes, de forma a poderem comunicar entre si, independentemente das barreiras geográficas. De facto, esta é um situação potenciada por uma grande parte de serviços online, do telemóvel ao email, passado pelo IRC (Internet Relay Chat), pelo IM (Instant Messenging), pelos fóruns de discussão na web e, mais recentemente por serviços que integram voz e/ou vídeo. Graças a estes serviços, as crianças e os jovens, tal como os adultos, podem conhecer outras crianças e jovens virtualmente nos quatro cantos do mundo. Acresce que esta faceta é ainda um dos maiores fascínios que crianças e jovens encontram na Internet.
Shevaun & Studabaker
Em meados de Julho de 2003, no artigo "Como Tirar Partido dos Benefícios do Chat & do IM, Sem se Expor Aos Riscos?", referi aqui a história de uma jovem de 12 anos que fugira de casa no Reino Unido, para se ir encontrar com um fuzileiro norte-americano de 31 anos de idade. O conhecimento de ambos deu-se e desenvolveu-se na Internet, através de chat rooms e da troca de emails. O contacto, de virtual, passou a real e o caso, amplamente noticiado nos órgãos de comunicação social, prolongou-se por cerca de uma semana. Durante esse tempo, o "casalinho" passeou-se por alguns países da Europa por entre alguns apelos televisivos ao regresso da jovem adolescente a casa. Mas o caso teve um final feliz, tendo terminado com o regresso a casa "são e salvo" da rapariga e com a detenção do fuzileiro.
O Faísca e a Bá
Um mês depois, escrevi o artigo "Para se Ter Telemóvel é Preciso Carta!?" abordei aqui um caso divulgado pelos os órgãos de comunicação social portugueses. Tratava-se do caso de uma rapariga de 14 anos que fugira de casa dos pais na Figueira da Foz para ir viver nas Caldas da Rainha com o namorado de 27 anos, pai de duas crianças fruto de uma relação anterior. A aventura durou 14 horas que mais devem ter parecido 14 dias para os pais da jovem adolescente. A relação havia nascido fruto de um anúncio numa revista para adolescentes a que ambos responderam por brincadeira, enviando um SMS pelo telemóvel a um serviço denominado "Cupido" que juntou o par. Após o contacto virtual, o par conheceu-se virtualmente e mantiveram o contacto nos meses seguintes, seja por telemóvel, seja através da Internet, seja presencialmente. Tal como o primeiro caso, também aqui o contacto virtual se transformou em contacto real e, felizmente, tal como o primeiro, também este caso teve um final feliz. Mas ambos os casos devem servir-nos de alerta para este tipo situações de risco em que os adolescentes se podem colocar.
Os Sites de Encontros
Mas os "Cupidos" não existem apenas nos serviços SMS. De facto, existem inúmeros sites que se especializam a ajudar pessoas a encontrarem outras pessoas em função de determinadas características. São os sites de encontros, alguns dos quais existentes em Portugal, integrados ou não nos portais dos principais portais dos principais operadores de serviços Internet portugueses. A participação neste tipo de sites é geralmente restrita a maiores de 18 anos, mas na realidade esta é uma medida que se torna extremamente difícil de implementar pelas dificuldades que se colocam ao nível da verificação da idade. E se as crianças mentirem relativamente a este e a outros dados pessoais que fornecem na altura do registo neste tipo de sites, correm um risco bem real de atraírem alguns personagens menos recomendáveis que podem não achar piada nenhuma quando se aperceberem que que expuseram os seus sentimentos a alguém que os enganou.
Perante esta realidade, o meu conselho a pais e educadores é que dediquem algum tempo a conhecerem este tipo de sites, a perceberem como funcionam e a falarem com os seus filhos sobre as implicações das histórias que hoje vos relatei.
 in Info&Net, A Capital, Lisboa, 18 de Fevereiro de 2005
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